Natália Eiras
Vencedor de um concurso na TV, Vinícius Masteguim se tornou o primeiro brasileiro a integrar a trupe de percussão americana que faz shows pelo mundo todoEstá tudo azul para Vinícius Masteguim, 21 anos. Nascido em Leme, cidade de 90 mil habitantes no interior do estado de São Paulo, ele viu sua vida virar de ponta cabeça depois de vencer um concurso que o transformou no primeiro integrante brasileiro do Blue Man Group, trupe de percussão de origem americana que faz shows simultâneos pelo mundo todo. “Comecei como um músico que tocava na banda do coreto da cidade, que teve que sair de casa para poder estudar, então é uma honra participar deste grupo”, disse o artista em entrevista ao iG.
LEIA TAMBÉM - O mapa do skate em São Paulo: os melhores lugares para treinar
“Realce” completa 30 anos e vira série de documentários no canal pago Woohoo
O resultado do concurso, organizado pelo “Caldeirão do Huck”, da TV Globo, foi divulgado no domingo (28). Foram seis meses do início ao fim da competição, em que Vinícius participou de vários testes, apresentações no palco do programa e 15 performances ao lado da trupe original em Nova York, onde passou dois meses em treinamento.
Curta a página do iG Jovem no Facebook
Por isso, antes mesmo de ser oficialmente um integrante do grupo, Vinícius já havia sentido na pele a sensação de ser azul. “Fiquei um pouco em choque quando me vi vestido de Blue Man pela primeira vez”, confessa. “Você está monocromático, vestido como um personagem tão conhecido. Você é um deles.”
De malas prontas para passar cinco meses em Chicago, nos Estados Unidos, ele conta o que aprendeu nesses últimos meses tão intensos de sua vida – inclusive inglês, que mal falava. “Tínhamos uma tradutora, mas eu não queria depender de ninguém, então comecei a me virar.” Leia a entrevista completa a seguir.
iG: O que mais você aprendeu nesses últimos seis meses?
Vinícius Masteguim: Além da língua, Outro desafio a ser vencido foi a parte cênica das performances. Eu não tinha nenhuma base de interpretação. Artisticamente, esse crescimento foi uma das coisas mais marcantes para mim. Eu era fã do grupo, via suas performances na internet, mas nunca imaginei que um dia seria um deles.
LEIA MAIS - Robôs aproximam estudantes de um dia ser um Homem de Ferro
iG: Como começou a gostar de fazer percussão?
Vinícius Masteguim: Comecei tocando bateria aqui em Leme, mas sentia falta da parte melódica, dos vibrafones. Então me interessei por percussão sinfônica, porque conhecia o trabalho dos meus professores de música do Conservatório de Tatuí, onde completei minha formação musical. Aí fiz quatro anos de produção na banda sinfônica, como bolsista. Também toquei na Tchá Degga Da, uma seleção brasileira de percussionistas.
iG: Como foi participar do concurso? Achou que o ganharia?
Vinícius Masteguim: Foi uma experiência bem interessante, desde o começo do processo, com a quantidade de audições que foram feitas. A experiência de estar no palco representou para mim um grande amadurecimento musical. Não só na parte musical, mas na parte cênica. Eu não tinha nenhuma base anterior de interpretação.
LEIA MAIS - AnnaSophia Robb: “Nossa série não quer ser 'Sex and the City'”
iG: Qual foi a parte mais difícil da competição?
Vinícius Masteguim: Foi aprender a atuar mesmo. Porque, no caso do Blue Man, você precisa interpretar um personagem, mas continuar tendo um pouco de si, ter a sua opinião. É uma linha muito tênue que separa a sua personalidade da do personagem. É preciso ser honesto consigo mesmo na hora de interpretar. Vivenciar mesmo, de coração, estar presente na cena como se fosse a primeira vez. Tem que fazer o show como se fosse a primeira vez, com a mesma energia.
iG: Como se sente sendo o primeiro brasileiro a entrar para o Blue Man Group?
Vinícius Masteguim: É uma honra trabalhar em uma companhia deste tamanho, com 20 anos de trabalho duro, e poder representar o Brasil em um grupo conhecido internacionalmente. Para mim, é um privilégio. Comecei como um músico que tocava na banda do coreto da cidade, que teve que sair de casa para poder estudar, então é ótimo participar deste grupo.
iG: Era fã?
Vinícius Masteguim: Sempre gostei muito do trabalho deles. Nunca tinha visto um show ao vivo, mas acompanhava pela internet. Via os vídeos na internet e lia matérias sobre eles, mas nunca tive a ambição de um dia chegar lá. Quando apareceu essa oportunidade, resolvi agarrar. Foi muito legal assistir ao show deles e depois estar no mesmo palco que eles.
iG: O que acha que pode oferecer como brasileiro para o grupo?
Vinícius Masteguim: Quando estávamos nos Estados Unidos, fizemos vários ensaios e a troca de informações foi muito grande. A gente os ensinou a executar algumas coisas, por exemplo, porque vão rolar uns sambas nos próximos shows. Mas, além da parte musical, teve o confronto das culturas. Eles são um pouco mais frios, mais secos, e os brasileiros são mais calorosos. É outra forma de conviver.
iG: Se não tivesse se tornado um Blue Man, o que você faria?
Vinícius Masteguim: Continuaria trabalhando com música, com produção sinfônica. Ainda bem que o Blue Man Group tem tudo o que eu queria. Agora faz parte daquilo que eu queria ser, como músico e como artista. O grupo faz parte do meu sonho.
CONTINUE LENDO - Alfie Allen: "Ser odiado mostra que estou atuando bem”
De luvas cor de rosa, meninas mostram no ringue que luta é coisa de mulher