Natália Eiras
Moradores de Garça, Alexssandro, 16, e Michele, 15 , foram recrutados para ir ao Uruguai e ministrar oficinas de horticultura. "Foi a melhor coisa que eu já fiz na vida", diz eleDois adolescentes da escola agrícola de Garça, no interior de São Paulo, mal podiam imaginar que por saberem “mexer com a terra” seriam um dia recrutados para atravessar fronteiras internacionais.
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Graças a uma “vaquinha” para levar Michele Fernanda de Oliveira, 15, e Alexssandro Macário Tchinski, 16, o projeto Fazendo e Aprendendo, da Fatec de Marília, conseguiu realizar dois sonhos destes garotos: viajar para fora do Brasil e ensinar um pouco o que sabem. “Foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida”, se relata Alexssandro ao iG.
Organizado pela professora Ligia Izique, o projeto nasceu da parceria entre a Fatec e a escola agrícola da cidade. Nos dois lugares, eles selecionaram jovens com boas notas e participação para ministrar oficinas em Rivera, no Uruguai, e levar mais de 3 mil livros para fazer uma biblioteca.
Para sair do papel, no entanto, eles precisavam de R$ 3 mil para pagar a estadia e a alimentação dos garotos. “Pedimos patrocínio e doações de empresas”, explica Michele.
Por causa deste obstáculo, a garota demorou para ficar realmente feliz depois de chamada para ajudar nas aulas. “Na hora eu fiquei animada mas ao mesmo tempo me avisaram que o dinheiro não estava confirmado, então fiquei um pouco insegura”, conta. Alexssandro, no entanto, não conseguiu se aguentar de emoção. “Fui contando para todo mundo, para minha mãe, minha família toda”, ele ri.
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Apesar da cota não ter sido atingida por R$ 500, o grupo viajou de ônibus, no dia 8 de dezembro, durante 36 horas até Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, onde ficaram baseados. No local, passaram a ministrar oficinas de artes, música e, principalmente, horticultura. “Foi marcante ver crianças se interessando pelo que a gente fala”, conta Michele.
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“A coisa que eu mais amo é lidar com crianças. A gente tinha bastante conhecimento e elas quase nada. Mas o pouco que elas sabiam elas passavam para a gente. Foi um troca muito boa”, complementa Alexssandro.
Foi assim que o estudante aprendeu a falar algumas palavras em espanhol, idioma com o qual nunca tinha tido contato. “[A língua] era a única barreirinha entre a gente”, conta o rapaz. “Eles tinham aula de português na escola, tanto que todas as oficinas foram dadas no nosso idioma. Ainda assim, eles me falavam como se pronunciava as palavras e qual era o jeito que eles cuidavam da terra”, afirma. “Foi muito gratificante porque a gente estava ensinando e, ao mesmo tempo, aprendendo”.
Além de terem tido a oportunidade de ensinar crianças as técnicas que aprenderam na escola agrícola, os adolescentes tiveram a chance de conhecer um novo país. “Duvido que eu teria outra oportunidade dessa se eu não estivesse me dedicando ao projeto”, reflete Alexssandro.
Talvez por ter sido uma situação tão improvável, o estudante se emocionou na hora de atravessar a fronteira. “A sensação de pisar na linha e saber que está em outro país, chegava a dar uma emoção”, fala Alexssandro. “Quando você para no meio, é muito legal”.
Quando questionado se enfrentaria mais 36 horas de viagem para viver a experiência novamente, o adolescente não mede palavras: “Quero mais é que aconteça novamente!”
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