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Aos 11 anos, aluno de escola pública no interior de SP tem quadro no Louvre

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iG São Paulo

Jefferson Cardoso Siqueira, de Suzano, expôs com outros 22 artistas brasileiros no museu francês. "Eu não sabia de nada, mas fiquei feliz. Só entendi depois"

Quem vai ao museu do Louvre, em Paris, sabe muito bem o que vai encontrar lá: obras de artistas como Caravaggio, Delacroix, Raphael e Leonardo Da Vinci, incluindo a famosa Monalisa. Mas os brasileiros que visitaram a galeria nos últimos meses se depararam com uma obra familiar e, ao mesmo tempo, inédita. Um Abaporu estilizado com as formas e cores de Romero Britto ganhou espaço nas disputadas paredes do Louvre, mas nem Tarsila do Amaral nem o pintor brasileiro assinam a obra.

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O quadro veio diretamente de uma escola estadual da zona rural de Suzano, na Grande São Paulo, e é de Jefferson Cardoso Siqueira, de 11 anos, aluno da 5ª série. A pedido de sua professora de educação artística, o garoto fez a obra para presentear Diva Pavesi, curadora do Museu do Louvre, que foi ao colégio no ano passado ministrar uma palestra sobre arte. “Como eu já estava pesquisando sobre o Romero Britto, a professora sugeriu que eu fizesse o Abaporu com a técnica dele”, conta Jefferson em entrevista ao iG.

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O resultado foi muito além do esperado. Pavesi se impressionou tanto com o trabalho do garoto que o guardou por cerca de um ano, até incluí-lo em uma exposição no museu francês com obras de outros 22 artistas plásticos brasileiros, inaugurada em outubro deste ano.

Este foi apenas o primeiro quadro pintado por Jefferson em toda sua vida. Para produzir a obra, o estudante usou uma técnica bastante simples. “Fiz os contornos com lápis de escrever e depois pintei com tinta”, explica. A pintura ficou pronta em apenas três dias.

Apesar do notável talento, o suzanense nem sempre foi fã das aulas de artes. “Na pré-escola eu não gostava [das aulas de educação artística]. A professora não tinha paciência e eu achava chato”, conta Jefferson. Mas no Ensino Fundamental tudo mudou. “Nessa escola eu gosto mais. Como não tinha muita lição nas outras aulas, eu acabava logo o que tinha que fazer e ficava desenhando no caderno”.

O estudante, que nunca deixou o Brasil, não foi à França para ver seu quadro exposto. Na verdade, o único museu que Jefferson já visitou foi o MASP, na capital paulista. “Eu nunca tinha ouvido falar do museu do Louvre. Depois da exposição, minha professora me mostrou umas fotos. Achei bonito."

Mas, mesmo sem saber o que era o Louvre, o garoto sabia que tinha alcançado um grande feito quando ficou sabendo onde seu quadro seria exposto. “No começo eu não estava entendendo nada. Eu não sabia de nada, mas fiquei feliz. Só depois que eu entendi”, confessa o paulista.

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Aluno de uma escola estadual de Suzano, Jefferson Cardoso Siqueira, 11, teve um quadro exposto no museu do Louvre

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

A obra de Jefferson foi inspirada no estilo de Romero Britto

A obra de Jefferson foi inspirada no estilo de Romero Britto

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Romero Britto fez sua própria versão de Abaporu, de Tarsila do Amaral

Romero Britto fez sua própria versão de Abaporu, de Tarsila do Amaral

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Foi só depois também que ele descobriu quais obras também estavam no acervo do museu. “Meu quadro está exposto perto de quadros pintados por gente de uns 60 anos, e eu tenho 11. Achei da hora”, comemora o garoto, referindo-se aos outros pintores da exposição brasileira e a mestres como Da Vinci e Caravaggio.

Depois de ter a pintura selecionado para representar o Brasil na França, Jefferson ganhou uma série de homenagens. Ele recebeu medalhas, certificados e até uma moeda do museu do Louvre, com a Monalisa em uma face e a fachada do museu em outra. O reconhecimento também aconteceu em casa. “Meus pais ficaram felizes, minha mãe vai até me colocar num curso de artes”, conta, animado.

Apesar de já ter chegado em um lugar almejado por boa parte dos pintores, Jefferson Cardoso Siqueira ainda não sabe se esta será a sua profissão no futuro. Ele só tem certeza de uma coisa: irá continuar pintando. “Vou pintar qualquer coisa, o que vier na minha cabeça”, afirma. O garoto não descarta a possibilidade de ver outras obras suas em exposições. “Se ficar bonito, acho que pode parar em outra exposição”, finaliza.

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