iG São Paulo
Ludolocadora em São Paulo tem mais de 800 títulos para aficionados por board games. Mercado mantém números de vendas e ainda é aquecido por desenvolvedores nacionaisPode não parecer, mas os jogos de tabuleiros estão conquistando cada vez mais espaço no Brasil, mesmo com o avanço do mercado de videogames. Enquanto alguns estão cometendo crimes no Grand Theft Auto V ou goleando os amigos no FIFA 14, ainda existem aqueles que preferem construir casas e hotéis no Banco Imboliário ou conquistar territórios no clássico War .
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Para a sorte deles, o espaço para os jogos de tabuleiro também está crescendo. Em São Paulo, o principal reduto dos apaixonados por board games é a FunBox. Criada em 2010, a ludolocadora é um projeto pioneiro em sua área. Com mais de 800 títulos, a loja permite que os fãs aluguem jogos de tabuleiro e os levem para casa para jogar com amigos.
A empresária Vanessa Santos , 32, foi a responsável pela criação do estabelecimento. “Quando eu morei nos Estados Unidos, as pessoas me pediam para eu comprar jogos e levar para o Brasil. Aí percebi que o Brasil era carente nessa área”, conta. “Decidi abrir a ludolocadora em 2010, com meu próprio acervo."
De acordo com Vanessa, os produtos mais procurados atualmente pelos fãs de board games são os exóticos. E isso a FunBox tem de sobra. “Um dos jogos que mais saem é o King of Tokyo”, revela. No jogo, os competidores se transformam em monstros e têm que destruir a cidade de Tóquio enquanto se defendem uns dos outros.
Fazem sucesso também os jogos cooperativos e os party games. Na primeira categoria, os jogadores têm que se aliar para derrotar um inimigo em comum. Já o segundo gênero é para aqueles que querem se divertir com os amigos em um jogo rápido e simples.
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A FunBox tem um público alvo bem definido: os geeks. “Nós acompanhamos as tendências de mercado e o crescimento dos jogos de tabuleiro tem muito a ver com o crescimento do público geek”, explica Vanessa. Os principais frequentadores da ludolocadora são divididos em dois grupos -- universitários de 20 a 28 anos e pais e filhos que buscam jogos para famílias.
Breno Oliveira, 27, está no primeiro grupo. Fã de jogos de tabuleiro desde a adolescência, ele é assinante de um dos planos mensais da FunBox. “Jogo com minha namorada quase todos os dias e tento juntar o pessoal para jogar pelo menos uma vez por semana. Mas por mim eu jogava todo dia”, conta o publicitário, fã de jogos de estratégia.
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Amanda Cianci, 19, prefere os jogos mais clássicos. “Eu gosto de Monopoly, War, Detetive e Perfil”, conta a estudante de Arquitetura, que costuma se reunir com amigos e familiares para jogar. Apesar da competição ser entre colegas, as confusões são inevitáveis. “Em War sempre rolava confusão. Às vezes a gente nem resolve, fica um de cara fechada para o outro”, afirma.
Ao contrário de Breno, a paulistana ainda não se aventurou no mundo dos jogos de estratégia e RPG. “Só joguei duas vezes Dungeons & Dragons e Yu-Gi-Oh!”, conta. Mas esses tipos de jogos são os que mais vêm ganhando títulos ultimamente -- inclusive no Brasil.
Made in Brazil
O paulistano Marcos Macri, 43, é um dos principais desenvolvedores de jogos do país. Ele é responsável pelos títulos Gran Circo e Vale dos Monstros. O game designer já produziu mais de 25 jogos e hoje tem seu próprio selo, o MS Jogos, desde 2012.
Apesar do crescimento no mercado, os desenvolvedores ainda encontram muitas dificuldades. “A maior dificuldade é a falta de editoras ou empresas que possam produzir e comercializar os jogos oferecidos pelos desenvolvedores. Temos tão poucas opções de publishers que contamos nos dedos da mão direita”, lamenta Macri.
Além da MS Jogos, a própria FunBox é uma dessas editoras. Neste ano, o selo lançou o jogo The Cook-Off, no qual os jogadores vivem cozinheiros famosos e disputam o título de melhor chef do mundo. “Estamos buscando novos desenvolvedores”, garante Vanessa Santos.
Enquanto os desenvolvedores independentes procuram apoio necessário, as grandes empresas do mercado de jogos continuam com os números lá no alto. Só em 2012, por exemplo, a Grow vendeu 200 mil unidades de Imagem & Ação, 180 mil de Perfil, e 150 mil de War. A Estrela não divulga seu número de vendas, mas garante que Banco Imobiliário, Jogo da Vida e Cara a Cara continuam no topo entre os mais comercializados no País. Dos clássicos há ainda o Monopoly, o "original" Banco Imobiliário, encontrado nas lojas de brinquedo em diversas versões -- inclusive uma atualizada que vem até com com máquina de "cartão de crédito".
Tabuleiro x videogame
Ao contrário do que muitos podem pensar, os mercados de videogames e de board games não são concorrentes. “Os jogos de tabuleiro são um complemento aos jogos eletrônicos. A pessoa pode jogar alguma coisa no videogame, gostar e ir atrás de um jogo de tabuleiro com a mesma temática”, acredita Vanessa Santos.
Os jogadores corroboram. “Eu não abandonei meu videogame nem os jogos de computador. Mas acho que os jogos de tabuleiro tem toda a coisa de você mexer nas peças”, diz Breno. “As mecânicas e regras costumam variar muito de um jogo pra outro, o que ajuda a manter o vício sempre renovável”.
Para Amanda, o caráter social dos jogos de tabuleiro é o que os fazem diferentes dos eletrônicos. “Eu gosto dos jogos de tabuleiro porque você reúne as pessoas para jogar”, explica. Marcos Macri concorda. “Quando você reúne um grupo de pessoas em torno de uma mesa, essa interação através do jogo diverte, contagia e cria momentos incríveis”, afirma o desenvolvedor.
Para Marcos, há uma coisa que os videogames não vão substituir. “A emoção, do tipo olho no olho, é o que diferencia a experiência proporcionada pelos jogos analógicos dos digitais”
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